O Pavilhão da Agricultura Familiar é um dos mais procurados pelo público que visita a Expointer. Reunindo mais de 370 empresas de diversas regiões do Rio Grande do Sul, o espaço é um prato cheio para quem busca experimentar novos sabores. Os agricultores usam a criatividade para expor seus produtos de forma atrativa e torcem pelo sucesso nas vendas. Por trás dos estandes, está o empenho de famílias que, por gerações, vivem do campo e amam cultivar a terra. São histórias inspiradoras que mostram a dimensão do significado da feira.
A agroindústria Slaifer, de Encantado, que produz geleias, conservas e doces cristalizados, participa pela quarta vez da Expointer. O proprietário, Maciel Slaifer, trabalha junto com a esposa Paulina e a filha Melina. Sua primeira participação na Expointer foi em 2020, quando a comercialização foi realizada no modelo drive-thru no pavilhão em razão da pandemia. Em 2021, a Slaifer levou para a Expointer uma criação nova e inusitada, que caiu nas graças do público: a geleia de alho. Maciel contou a história inusitada de criação dessa receita.
“A minha esposa ficou hospitalizada por quase três meses. Ela estava na Santa Casa, em Porto Alegre, e pediu para levar um caderno e uma caneta porque havia criado uma geleia nova. Ela teve alta e fez a receita quando chegou em casa. Não acreditamos que daria certo, mas foi um sucesso. Esse produto nos deu uma grande visibilidade e vendemos tudo”, recordou.
Paulina levou cerca de oito meses desenvolvendo e testando as combinações até chegar ao resultado final. Para a Expointer deste ano, a agroindústria Slaifer também trouxe duas novidades: geleias de beterraba e de beterraba com pimenta. “São geleias bem harmônicas e, ao mesmo tempo, diferentes. Esperamos que dê certo”, projeta.
Para os produtores rurais, a feira vai além dos objetivos econômicos, envolvendo sentimentos e aspectos subjetivos. Maciel ressaltou que participar da Expointer como expositor é um sonho realizado.
“Somos muito felizes em estar aqui. Acredito que é o sonho da maior parte das agroindústrias. Dá uma visibilidade e um orgulho muito grande. Não que as outras feiras não sejam boas, mas a Expointer é o suprassumo. Sempre sonhamos em ter uma agroindústria, então estar nesse meio é maravilhoso”, observou. “Viemos também pela questão financeira. Todo mundo batalha por isso, mas a Expointer é o sonho das agroindústrias. Para a nossa região, significa muito estar na Expointer. É uma feira diferente, não tem comparação.”
O produtor citou diversas experiências positivas proporcionadas pela feira: o envolvimento das famílias, a possibilidade de fazer amizades e parcerias, a troca com as entidades representativas do agro, o contato com jornalistas e a possibilidade de dar entrevistas que aumentam a visibilidade das empresas. “Para nós, é uma gratidão enorme. Então, nós vencemos obstáculos para poder estar aqui, para poder ser visto, ser lembrado e fazer o que a gente gosta”, pontuou.
Oito vezes na Expointer
A agroindústria Gallon Sucos, de Bento Gonçalves, participa da Expointer pela oitava vez. “Minha infância foi embaixo dos vinhedos, cultivando as uvas”, conta o seu proprietário, Edvaldo Gallon.
A família do empreendedor tem 71 anos de tradição na vitivinicultura. Edvaldo formou-se em Enologia e trabalhou em algumas vinícolas até decidir, em 2015, formar a sua agroindústria. O começo, segundo ele, foi difícil, buscando posicionar-se no mercado com uma marca premium. Depois, o negócio passou a ficar conhecido e conquistou o tão aguardado reconhecimento do público. No ano passado, a Gallon Sucos colheu os frutos de seu esforço, fechando com chave de ouro a 45ª Expointer.
“A Gallon Sucos tem quase oito anos de existência e já ganhou várias premiações na Expointer. No ano passado, ficou em primeiro lugar, classificada como o melhor suco de uva do Estado”, relatou Edvaldo.
Como os demais expositores do pavilhão, a Gallon Sucos é uma empresa familiar. “Diretamente, somos minha esposa e eu. Nós fazemos desde a elaboração dos sucos e a rotulagem até a participação em feiras, a área comercial e a divulgação. Na parte do campo, temos a ajuda de meus tios e primos, que cuidam da produção das uvas”, explicou o enólogo, acrescentando que 100% das uvas utilizadas para elaborar os sucos são produzidas pela própria família.
Desde 2016, a empresa participa de todas as edições da feira. “A gente sempre gosta muito de fazer a Expointer. Primeiro por ter apoio por parte do governo e da Fetag [Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul], que é importante. É muito bom divulgar a marca e poder prospectar clientes durante a feira. É um momento de aproximação, de dar o produto para o cliente degustar e de falar das qualidades e dos diferenciais dos nossos sucos”, disse o produtor.
Nesta edição, a Gallon Sucos espera resultados ainda melhores. “No ano passado, a feira foi muito boa para nós, principalmente porque ganhamos a primeira colocação no concurso, mas a cada ano ela vem sendo melhor. Essa questão de fixação de marca se reflete, todo ano, em um maior volume de vendas. A expectativa é muito boa e esperamos fazer uma grande feira”, pontuou.
“É o oitavo ano que a gente participa, mas sempre bate aquele frio na barriga. Será que esse ano vai dar certo? Será que o público realmente virá? Mas sempre vem, sempre lota, sempre enche”, ressaltou o proprietário da Gallon.
Nesta edição, o Pavilhão da Agricultura Familiar alcançou o maior número de expositores da história da Expointer: 372 empreendimentos de 174 municípios, distribuídos em 338 estandes e sete cozinhas. São 35 participantes a mais do que no ano passado. Dentre os expositores, estão quatro empresas de Minas Gerais. Na edição do ano passado, o espaço contabilizou mais de R$ 8 milhões em vendas.