“Na verdade, nós tivemos, e pode ser analisado dessa forma, um decréscimo no valor da nossa produção de soja. A colheita foi muito maior e isso significou um percentual de valor muito, quase, insignificante. Ou seja, a commodity perdeu preço no mercado. O especialista diz que os produtores têm encontrado um cenário mais difícil.
“Os insumos estão caros, o custo da produção é caro, o arrendamento é caro e a nossa commodity não está mais valendo o que valia antes. Por isso que numa produção aí da ordem dos 20% acima, em relação ao ano passado, nós tivemos tão pouco valor agregado em cima. Então o número parece positivo, mas ele poderia ser muito melhor”, avalia.
O advogado especialista em direito ambienta Alessandro Azzoni acredita que a participação do PIB no primeiro trimestre do agro foi elevado, o que também pode ter contribuído para esse resultado: “Justamente por causa dos estoques de grãos e escoamento das produções, agora nós tivemos uma retração nessa participação do PIB, mas era esperado por causa da grande movimentação que foi no primeiro trimestre. A safra recorde de grãos foi realmente um fator que fez essa puxada. Os preços agrícolas e as exportações são os principais fatores que ainda potencializam”, observa.
O faturamento das lavouras foi 4,2%, um valor estimado de R$ 804,3 bilhões. De acordo com o levantamento, os principais fatores responsáveis pelos resultados estão relacionados à safra recorde de grãos deste ano, os preços agrícolas e as exportações. O analista e consultor de SAFRAS & MERCADO Fernando Iglesias explica: “Nós temos uma safra enorme, em especial de soja, tem outros produtos também que tiveram uma participação bem importante — uma safra recorde nessa temporada, o que ajuda esse faturamento”.
Mato Grosso apresentou melhor resultado na produção, seguido por Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O faturamento foi de R$ 588,7 bilhões, que corresponde a 51,5% do VBP do país. “Nós percebemos que o Centro-Oeste vem puxando o agronegócio brasileiro com números muito interessantes porque o Centro-Oeste é um grande produtor de grãos”, aponta o advogado especialista em agronegócio, Francisco Torma.
Já a pecuária teve retração de 1,6%, um faturamento de R$ 338,3 bilhões. Franscico Torma explica que a pecuária está em retração porque o setor está passando por uma crise financeira. “O preço da carne está baixo, o valor do leite está baixo, por conta do fomento às exportações de outros países do Mercosul, como Uruguai e Argentina. O Brasil está fazendo o trabalho de viabilizar o produtor de outros países, com dificuldade. O preço do leite está baixando e isto impacta diretamente o produtor de leite que está aí na cadeia pecuária, recebendo muito pouco pelo valor do litro”, revela.
O amendoim, com aumento real de 11,7% no VBP, arroz 11,6%, banana 16,9%, cacau 13,1%, cana de açúcar 13%, feijão 7,3%, laranja 27,2%, mandioca 40,3%, soja, 3,0%, milho 1,1%, tomate 17,3% e uva 9,7% estão entre os produtos que apresentaram melhor resultado este ano. Já a soja, o milho, a cana-de-açúcar, o café e o algodão são os cinco produtos que responderam por 81,7% do VBP das lavouras e que tiveram melhor desempenho.
Na opinião do consultor de Agronegócio da BMJ Consultores Associados, Victor Nogueira, o crescimento do setor é muito importante porque a agropecuária é bastante relevante para a economia brasileira. “Ela muitas vezes é responsável pelos resultados positivos no PIB e na balança comercial, como por exemplo o que aconteceu no começo do ano, no primeiro trimestre, quando o setor cresceu 21,6%, que foi o principal impulsionador para o PIB ter crescido 1,6%”.
O consultor ainda acrescenta: “Se a agropecuária não tivesse crescido tanto, o resultado trimestral teria sido negativo. Então, quanto mais alto for o valor bruto da produção agropecuária, melhor para a economia brasileira”, aponta.
Já o advogado especialista em agronegócio, Francisco Torma, entende que o agronegócio brasileiro sempre dá resultado positivo na economia do país. Ele lembra que, mesmo com a pandemia, com perdas em setores de comércio, serviços, industrial, o agronegócio se manteve crescendo. Mas, ainda assim, ele acredita que o cenário pode evoluir.
“O que nós percebemos é que o Brasil precisa fazer o seu dever de casa, principalmente para depender menos da importação de insumos do exterior. E nós temos condições de produzir isso. Depende muito da burocracia estatal de resolver esses licenciamentos. Mas eu acho que a partir desse cenário em que nós começamos a ser mais autossuficientes na produção, na questão dos insumos, nós começamos a ter mais previsibilidade nos nossos números do setor agropecuário”, destaca.
Francisco Torma diz que a tendência é aumentar cada vez mais a produção. “Se o clima ajudar, certamente isso impacta em maiores valores agregados ao agronegócio. Também é importante a abertura de novos mercados”. Torma avalia a questão:
“O Brasil já fez mais de 200 acordos de comércio internacional, e isso reflete a preocupação do mundo com a segurança alimentar. O mundo começou a olhar o Brasil com olhos de consumidor, com preocupação de vir aqui buscar insumos para poder se alimentar. Nós precisamos incentivar isso. A projeção é sempre positiva desde que esses outros fatores não impactem negativamente na nossa produção”, ressalta.
O consultor de Agronegócio da BMJ Consultores Associados, Victor Nogueira espera que fatores como produção, preços agrícolas e volume de exportações, se mantenham favoráveis. “A expectativa é que ocorra outro recorde na produção agrícola, mas isso dependerá principalmente das condições climáticas. A gente precisa ver o quanto que o El Nino vai influenciar a temperatura e as chuvas ao longo de sua duração, mas até o momento eu acredito que as perspectivas são positivas”, observa.
O analista e consultor de SAFRAS & MERCADO Fernando Iglesias acrescenta: “Podemos ter uma breve recuperação dos preços do setor carnes que podem também, ali para 2024, já pensando em 2024, contribuir para valores melhores quando se trata de VPB”.
Já o advogado especialista em direito ambiental Alessandro Azzoni vê com preocupação as proibições que estão sendo colocadas pela comunidade europeia em relação à proibição de produção em áreas desmatadas.
“Isso é um problema que pode afetar esses números até o final do ano, porque se a carta dos países que fizeram o manifesto contra essa proibição, podem afetar diretamente a questão das nossas exportações. Os resultados tendem a ficar positivos, mas com a ressalva de como ficará esse veto da comunidade europeia aos produtos agropecuários, principalmente para o Brasil em relação a áreas desmatadas”, lamenta.
REDE BRASIL INOVADOR
53.412.743/0001-35
Av. Brig. Faria Lima, 1739
São Paulo SP Brasil
CEP 01452-001
rede@brasilinovador.com.br
+55 (11) 94040-5356
INOVAÇÃO
Estamos promovendo a inovação no Cooperativismo. Juntos, vamos desenvolver uma cultura inovadora, sustentável e próspera.
CONEXÕES
Ao conectar quem fornece soluções inovadoras a quem precisa, impulsionamos os negócios e aceleramos o crescimento econômico. #boracrescer
Parabéns!